O governo de Minas Gerais leiloou, na última quinta-feira (18/9), na Bolsa de Valores (B3), em São Paulo, o Lote Rodoviário Ouro Preto – Mariana, batizado de Via Liberdade. O certame foi vencido pelo Consórcio Rota da Liberdade, que ofereceu uma contraprestação de R$ 1,7 bilhão, valor 13,2% menor que o máximo previsto em edital.

A concessão, válida por 30 anos, abrange 190,1 quilômetros de estradas, incluindo trechos da BR-356, principal ligação entre a Região Metropolitana de Belo Horizonte e a Zona da Mata, além da MG-262 e da MG-329. Ao todo, o percurso passa por 11 municípios: Nova Lima, Rio Acima, Itabirito, Ouro Preto, Mariana, Acaiaca, Barra Longa, Ponte Nova, Urucânia, Piedade de Ponte Nova e Rio Casca.
Pedágios e obras
O edital prevê quatro pontos de pedágio, todos em sistema automático, sem praças físicas: dois na BR-356 (Itabirito e Ouro Preto), um na MG-262 (Acaiaca) e um na MG-329 (Ponte Nova).
As tarifas poderão ser cobradas após a entrega das primeiras intervenções, previstas para o primeiro ano de contrato, como a reabilitação do pavimento e a revitalização da sinalização.
Entre os investimentos previstos estão:
- Duplicação integral da BR-356 até Mariana;
- 78,7 km de duplicações e 40,6 km de terceiras faixas;
- 100% de acostamento readequado em todo o trecho;
- Contorno Viário de Cachoeira do Campo, com 7,3 km em pistas duplas;
- Área de escape na Serra da Santa, em Itabirito, ponto crítico de acidentes;
- Ponto de Parada e Descanso (PPD) em Amarantina;
- Centro de Controle Operacional e três bases de serviços operacionais.
A estimativa é de investimentos próximos a R$ 5 bilhões, sendo R$ 2 bilhões oriundos do Novo Acordo de Mariana, firmado em 2024 como parte das reparações da tragédia de 2015.
Segurança e mobilidade
Somente entre janeiro e agosto de 2025, a BR-356 registrou 646 acidentes, 14% a mais que no mesmo período do ano anterior. A duplicação e as obras de readequação são vistas como essenciais para reduzir os índices de sinistros.
Com as melhorias, o tempo de viagem entre Nova Lima e Rio Casca deve cair em cerca de 40 minutos, e o trajeto entre Belo Horizonte e Ouro Preto será encurtado em mais de 20 minutos.
Além das obras físicas, a concessão prevê assistência 24 horas aos motoristas, com atendimento médico em até 30 minutos e suporte mecânico em no máximo 1h30.
Contexto político e econômico
O governador Romeu Zema destacou o simbolismo do projeto:
“É uma região com um potencial turístico enorme, e que está recebendo, agora, a devida reparação referente à tragédia de Mariana. E o que nós queremos é que essa reparação, que levou tanto tempo, seja a mais justa possível, com benefícios diretos para os mineiros”.
O vice-governador Mateus Simões ressaltou a economia obtida no certame:
“O modelo de PPP foi escolhido exatamente porque estamos falando de aportes. São R$ 2 bilhões que poderiam ser aportados, mas economizamos, graças ao leilão de hoje, R$ 250 milhões para os mineiros, que poderão ser utilizados em outros investimentos também no contexto da reparação do desastre de Mariana”.
O secretário de Estado de Infraestrutura, Pedro Bruno, afirmou que o contrato marca um novo ciclo de desenvolvimento:
“Estamos comemorando hoje o sétimo contrato de concessão rodoviária do Estado de Minas Gerais, o quinto sob a gestão do governador Romeu Zema e o primeiro sob a gestão da Agência Reguladora de Transportes de Minas Gerais (Artemig)”.
Reparação de Mariana
O projeto está diretamente vinculado ao Novo Acordo de Mariana, assinado em 2024 entre União, governos de Minas Gerais e Espírito Santo, Ministérios Públicos e Defensorias, além das mineradoras Samarco, Vale e BHP Billiton. O acordo busca acelerar a reparação dos danos sociais, ambientais e econômicos causados pelo rompimento da barragem de Fundão, em 2015, que deixou 19 mortos.