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Na quarta-feira (24/9), Ouro Preto esteve entre as cidades mineiras inspecionadas por equipes do Estado para verificar se mineradoras estavam de fato cumprindo a suspensão de atividades determinada pela Justiça no âmbito da Operação Rejeito, da Polícia Federal.

As diligências reuniram técnicos da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad), da Fundação Estadual do Meio Ambiente (Feam) e a Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG), que atuaram em áreas de lavra, estruturas de apoio e frentes operacionais. O objetivo foi garantir que as empresas citadas na decisão já tivessem interrompido suas operações.
Em Ouro Preto, os fiscais constataram que os empreendimentos vistoriados estavam, de fato, com atividades paralisadas.
Ouro Preto entre a mineração e o patrimônio
Cidade marcada historicamente pela exploração mineral, Ouro Preto carrega no território o desafio de conciliar a atividade econômica com a preservação de seu patrimônio histórico e natural. A presença das equipes de fiscalização na região evidencia essa tensão permanente, onde cada decisão sobre mineração tem repercussão direta sobre a paisagem e a vida da comunidade local.
A secretária estadual de Meio Ambiente, Marília Melo, destacou a importância da checagem:
“O Estado cumpre a lei e assegura que decisões judiciais sejam observadas integralmente. Nossa prioridade é proteger o meio ambiente.”
Operação itinerante e novos passos
Segundo a Semad, a fiscalização tem caráter itinerante, envolvendo ações terrestres e aéreas para registrar evidências e instruir processos de acompanhamento. Outras mineradoras citadas na decisão ainda passarão por vistoria nos próximos dias.
As empresas devem permanecer com as atividades suspensas enquanto durar a determinação judicial, mantendo apenas os sistemas de controle ambiental em funcionamento.
Paralelamente, o governo abriu processo de revisão interna de licenciamentos, analisa a contratação de auditoria externa e já afastou servidores ligados ao Sistema Estadual de Meio Ambiente (Sisema) e ao Iepha-MG citados nas investigações. A Controladoria-Geral do Estado (CGE-MG) também participa das apurações e aguarda o compartilhamento de informações da Polícia Federal.
Lista do Fantástico gerou interpretações equivocadas
No último domingo (21), uma reportagem do programa Fantástico detalhou como funcionava um esquema de mineração ilegal em Minas Gerais envolvendo empresários e servidores públicos. A Polícia Federal revelou documentos e mensagens que mostravam a estratégia do grupo criminoso para influenciar decisões e corromper autoridades ligadas ao setor.
Contudo, um ponto da exibição causou confusão: a lista apresentada não era de cúmplices ou investigados, mas sim de alvos que os criminosos pretendiam cooptar. Nomes de políticos, técnicos e especialistas em mineração de Ouro Preto e outros locais passaram a circular em redes sociais como se fossem de envolvidos, quando na verdade estavam sob monitoramento dos operadores ilegais, que buscavam meios de ampliar a extração irregular em áreas protegidas.