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A nomofobia e a construção linguística da ansiedade digital

Na atualidade, os celulares não são apenas ferramentas: tornaram-se extensões de nós mesmos. Desde crianças que ganham seus primeiros dispositivos, muitas vezes antes mesmo de aprenderem a ler e escrever, até adultos que não desgrudam os olhos da tela, a presença dos smartphones na rotina é incontestável. O avanço tecnológico, aliado à conectividade constante, criou um cenário no qual a interação digital se sobrepõe, em muitos casos, à vivência no mundo físico.  Mas o que acontece quando essa relação ultrapassa o limite da necessidade e se transforma em um medo real e paralisante? Para algumas pessoas, a simples ideia de ficar sem acesso ao celular gera uma angústia profunda, um desconforto que pode desencadear sintomas de ansiedade, irritabilidade e até crises de pânico. Esse fenômeno tem nome: nomofobia

A nomofobia e a construção linguística da ansiedade digital
Foto: lurii Maksymiv / Banco de Imagens do Canva

O termo, derivado do inglês “nomophobia” (abreviação de “no mobile phone phobia”), surgiu em 2009, no Reino Unido, a partir de estudos que analisaram o impacto da ausência do celular no bem-estar dos usuários. Desde então, a palavra já foi incorporada ao vocabulário ortográfico da língua portuguesa, como confirmado pela Academia Brasileira de Letras. O conceito desse neologismo reflete uma transformação no comportamento humano, em que estar offline não é apenas um incômodo, mas uma fonte de ansiedade.

Os smartphones deixaram de ser meros meios de comunicação. Eles são despertadores, agendas, câmeras, entretenimento e janelas para o mundo digital. Com tantas funções concentradas em um único aparelho, a preocupação em ficar sem ele parece natural. Mas essa sensação ultrapassa a inquietação e assume contornos de pânico.

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Os sintomas variam. Há aqueles que checam constantemente notificações, mesmo sem motivo aparente. Outros sentem desconforto ao ficarem longe do aparelho, recorrem ao carregamento excessivo da bateria e evitam situações que exijam desconexão. Em casos mais graves, o medo de ficar sem acesso ao celular pode comprometer a vida social, o trabalho e até a saúde mental.

Mas o que a existência dessa fobia diz sobre a sociedade contemporânea? Mais do que um transtorno individual, a nomofobia evidencia uma mudança coletiva na forma como interagimos com a tecnologia e com o mundo à nossa volta. O avanço digital facilitou a comunicação, mas também gerou uma dependência sem precedentes, alterando hábitos, relações e até o próprio vocabulário. A língua acompanha essa evolução, criando novos termos para descrever fenômenos inéditos, como a própria nomofobia.

No entanto, se a hiperconectividade se tornou regra, seria possível reverter essa dependência? Algumas práticas podem ajudar a reduzir a ansiedade digital: estabelecer limites para o uso do celular, silenciar notificações, evitar o aparelho durante refeições e conversas, deixá-lo fora do quarto antes de dormir e experimentar momentos offline intencionais.

A nomofobia não é apenas um reflexo da era digital – é um alerta. Em um mundo onde estar conectado parece essencial, o verdadeiro desafio é encontrar equilíbrio. Até que ponto o celular é uma ferramenta indispensável, e em que momento ele se torna uma prisão invisível? A resposta talvez não esteja no aparelho, mas na forma como escolhemos utilizá-lo.

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