Aos 70 anos, mulher camponesa transforma memória em pesquisa e emociona ao concluir graduação

Redação MM
Aos 70 anos, mulher camponesa transforma memória em pesquisa e emociona ao concluir graduação
Estudante de 70 anos conclui TCC que reconstrói sua trajetória no campo — Crédito: UFNT

A apresentação do Trabalho de Conclusão de Curso de Maria de Fátima Abade Barbosa marcou mais do que o encerramento de uma graduação. Aos 70 anos, a estudante do curso de Educação do Campo – Artes, da Universidade Federal do Norte do Tocantins, utilizou a própria trajetória como eixo central de uma pesquisa que percorre memórias, apagamentos e reencontros com a educação.

A ideia do estudo surgiu quando a autora percebeu que sua vida continha registros capazes de dialogar com experiências de tantas outras mulheres pretas e camponesas no Brasil. A orientação ficou a cargo da professora Iara Rodrigues da Silva, que acompanhou a construção de um trabalho que parte da vivência para chegar à reflexão acadêmica.

Após anos afastada da escola, Maria de Fátima decidiu retomar os estudos para registrar a própria história. Filha de quebradeira de coco babaçu, cresceu entre limitações impostas pela desigualdade e o desejo de aprender. No TCC intitulado “Nunca é Tarde para Aprender: A história de vida de uma mulher preta que foi excluída do processo educacional de ensino”, ela revisita a infância e a juventude marcadas pela dificuldade de acesso à educação e mostra como a universidade se tornou um espaço possível de reexistência.

O texto articula identidade, território e ancestralidade, evidenciando como narrativas do campo encontram pouco espaço nos currículos tradicionais. Ao transformar recordações em objeto de estudo, a autora amplia o debate sobre o papel das universidades na inclusão de saberes historicamente invisibilizados.

A banca examinadora, composta pelas professoras Lindiane de Santana e Mara Pereira da Silva, destacou a importância do trabalho para a Educação do Campo e a relevância do registro construído pela estudante. Para as avaliadoras, a pesquisa representa a força coletiva de mulheres que enfrentaram barreiras para permanecer na escola e reafirma a necessidade de currículos que contemplem múltiplas realidades.

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