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Carta Aberta aos Estudantes do IFMG

Prezado(a) estudante, como já deve saber, estamos de greve. Isso significa que não teremos as nossas aulas esta semana e só voltaremos a ter ao fim do movimento grevista.

Carta Aberta aos Estudantes do IFMG
Pedro Peixe - Foto: Sinasefe IFMG

Sei que o movimento paredista causa transtornos, mas essa é a única forma de negociação que o governo nos deu ao se negar a sentar conosco para negociar (esse é um dos motivos que nossa greve é legal), ficou apenas soltando nos jornais que ia dar aumento de 5% sem fazer a proposta real ao sindicato.

Estamos a mais de 5 anos sem reajuste salarial, a inflação do período corrói o nosso poder de compra, nos colocando em uma situação muito complicada, veja bem, não estamos pedindo aumento, estamos pedindo reajuste, ou seja, queremos de volta o que foi perdido no período por conta da inflação, nada mais que isso.

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Setembro Amarelo

Entretanto, como não somos egoístas, lutamos também pela nossa instituição, nosso amado IFMG, onde muitos de nós estudamos e hoje fazemos parte de seu corpo técnico, a maior prova disso é que uma das pautas de nossa greve é exatamente o fim da Emenda Constitucional 95 (EC 95) que congela os investimentos em educação, saúde, ciência, etc. por 20 anos. Você sabia disso? O ex-presidente Michel Temer em seu curto mandato aprovou uma absurda EC que impede que se aumente os investimentos nestas estratégicas áreas, o que significa que o nosso IFMG está funcionando praticamente com a mesma verba de 2016, colocando em xeque a qualidade do nosso ensino, pesquisa e extensão, tripé e diferencial da nossa escola!

Mais do que isso, lutamos também pelo fim do Projeto de Emenda Constitucional 32 (PEC 32), que sucateia o serviço público, destruindo a maior ferramenta a serviço do povo brasileiro, que é exatamente o funcionalismo federal. Garantir que não haja retrocesso nos direitos adquiridos pelos trabalhadores com o suor e sangue de tanta gente é outro compromisso nosso, por isso estamos parados.

Sabemos que não é fácil realizar uma greve, entendemos perfeitamente que gera transtornos para os estudantes e para a população em geral, mas se coloquem em nosso lugar: como devemos agir?

Tentamos reunir com o governo (sem sucesso), colocamos faixas e placas para pressionar os deputados (sem sucesso), enviamos e mail e WhatsApp para variados parlamentares (sem sucesso). O que nos resta, portanto, é lutar com as ferramentas que temos para garantir os nossos e os seus direitos, afinal de contas, uma escola sucateada impacta significativamente no processo de ensino e aprendizagem que faz do nosso IFMG essa escola diferenciada, que transforma a vida de milhões de estudantes Brasil afora, como mudou também a de muitos de nós.

Um relato que acho importante compartilhar é o meu: a aprovação na antiga Escola Técnica Federal de Ouro Preto (ETFOP, hoje IFMG) para estudar no ensino médio em 1999 mudou minha vida, pois oriundo da região de Ouro Preto e então morador de Belo Horizonte, onde minha família enfrentava dificuldades financeiras, tinha como única opção passar na seleção para conseguir ter um ensino gratuito, de qualidade, laico e muito, mas muito acima da média das demais escolas públicas.

Entrei e no período que ali estudei enfrentei greves longas, como a de 2000, onde ficamos mais de 6 meses parados. Quando esta greve se instalou, eu não entendia os motivos, mas como sempre fui curioso, procurei saber mais do que se tratava, foi assim que conheci vários técnicos e professores da instituição mais de perto, pois comecei a ir nas assembleias para entender o contexto que vivíamos então, com Fernando Henrique Cardoso (FHC) presidente e a tentativa de privatização das universidades e escolas técnicas acontecendo.

De mero aluno, me transformei em um ferrenho defensor da nossa instituição, pois foi graças ao conhecimento que obtive ali que pude realizar o sonho da minha família de ser o primeiro a estudar numa universidade pública, me graduando, fazendo especialização, mestrado e doutorado, algo impossível de ser pensado por aquele jovem de 15 anos que mal sabia andar pelo Campus.

Eu sou a prova viva que a nossa escola é capaz de nos dar oportunidades que o destino não nos reservava, o IFMG muda vidas, como mudou a minha, não podemos deixar este legado acabar por opções políticas de governos que querem destruir a maior fábrica de sonhos que existe, que são os Institutos Federais.

Vamos à luta, não podemos desistir da nossa instituição e dos nossos direitos, como eu aprendi a amar essa escola, tenho certeza que lá na frente muitos de vocês terão orgulho de dizer que foram alunos do IFMG e que o defenderam daqueles que queriam sua destruição, como eu tenho.

É greve porque é grave.

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