O palco histórico da Casa da Ópera – Teatro Municipal de Ouro Preto, o mais antigo em atividade das Américas, recebe no dia 4 de outubro, às 19h, o espetáculo Estado Fantasma II, da Cia de Dança do Pantanal. A apresentação, com entrada gratuita por ordem de chegada, traz ao público mineiro uma experiência coreográfica que conecta arte, natureza e espiritualidade.

Criada em 2017, a companhia é formada por ex-integrantes do Moinho Cultural e por bailarinos convidados de diferentes regiões do Brasil e da América do Sul. Sua proposta é dar voz ao território pantaneiro por meio da dança contemporânea, abordando tanto a riqueza desse ecossistema quanto as ameaças que o colocam em risco.
Com forte identidade regional, a Cia de Dança do Pantanal se dedica à formação de novos artistas, mantendo vínculo com jovens do Moinho Cultural, e busca levar para os palcos a diversidade cultural e a potência criativa da fronteira brasileira.

A dramaturgia do invisível
O espetáculo Estado Fantasma II se inspira na visão dos Xapiris, espíritos da floresta que, na cosmologia indígena, dançam diante do xamã. Em cena, imagens de fumaça, raízes e vento se transformam em movimentos que fazem os corpos se arrastar pela lama, ruminar o chão e reinventar a própria pele.
Cada gesto é um sopro, um esforço de respiração em meio a um pântano invisível. A metáfora do “estado fantasma” revela a anestesia social diante da devastação ambiental e da insensibilidade coletiva. Na coreografia, os corpos suam, se desfazem como chuva e renascem pelo toque, em um ciclo contínuo de morte e vida.
A montagem convida o público a refletir sobre a destruição da floresta, a exploração da terra e a urgência de reconectar corpo e natureza. Na repetição em espiral da dança, os bailarinos se tornam presenças que iluminam o invisível, transformando a cena em experiência sensorial e política.