O documentarista mineiro Ben-Hur Nogueira, 23 anos, morador do Morro das Pedras, em Belo Horizonte, e estudante da UFOP, recebeu uma menção honrosa internacional pelo documentário Andança. O reconhecimento veio do festival jamaicano Films That Move, que celebra produções com narrativas afro-diaspóricas.
A obra concorreu com mais de 1.500 filmes inscritos em diversos países. Embora não tenha integrado a lista final de premiados, o júri destacou o impacto social da produção e concedeu a distinção por seu enfoque em trajetórias de jovens periféricos e na força feminina presente nas famílias retratadas.
Gravado nas comunidades do Morro das Pedras e do Jardim Felicidade, Andança acompanha o cotidiano da família Vieira, que deposita no caçula, Matheus, o sonho de um futuro melhor por meio do futebol. As filmagens ocorreram entre março e setembro de 2025, seguidas por uma etapa de pós-produção marcada por ampla pesquisa musical e estética.
O filme adota referências que vão de West Side Story ao cinema de Kurosawa e ao documentarismo de Reichenbach. A trilha une composições como O Guarani, de Carlos Gomes, e Serra da Boa Esperança, na voz de Francisco Alves, reforçando o tom afetivo da narrativa.
De acordo com o festival, o documentário será exibido em centros jamaicanos de saúde mental, eventos culturais e plataformas digitais da instituição, integrando a coleção Films That Move ao lado de produções de diversos países.
Para Ben-Hur, o filme é um retrato íntimo da realidade das mães solo brasileiras. “Andança não é um filme sobre futebol, mas sobre os bastidores dos sonhos produzidos nas favelas. É uma carta de amor para as mulheres da periferia, sobretudo minha mãe”, afirmou.


