A Vale demitiu a executiva Catia Porto, que ocupava a vice-presidência global de Recursos Humanos desde novembro de 2024. A saída ocorre após a repercussão de declarações feitas pela gestora nas redes sociais em fevereiro deste ano, quando afirmou que a cultura “woke” estaria “perdendo espaço” nas empresas.
Na ocasião, Porto publicou em sua conta no Instagram que, em oposição às políticas de Diversidade, Equidade e Inclusão (DEI), estaria surgindo um novo movimento corporativo que chamou de “MEI” — sigla para Mérito, Excelência e Inteligência. Segundo ela, esse conceito valorizaria desempenho e habilidades intelectuais acima de critérios ligados à representatividade.
As declarações, feitas ao comentar um artigo do Wall Street Journal, foram amplamente criticadas por associarem diversidade a perda de relevância.
Reação da Vale
Após a polêmica, a mineradora emitiu nota pública reafirmando seu compromisso com diversidade e inclusão, apontadas como fundamentais para a inovação e para os resultados de longo prazo da companhia.
A saída de Porto não foi registrada como fato relevante junto à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), já que o cargo de vice-presidente de RH não é estatutário. A Vale apenas confirmou a demissão e retirou o nome da executiva de seu site institucional.
O que é cultura “woke”
O termo “woke” vem do inglês e significa, literalmente, “acordado”. Surgiu nos Estados Unidos e passou a designar pessoas e movimentos atentos a questões sociais, raciais e de gênero, defendendo práticas mais inclusivas e igualitárias.
Na esfera corporativa, o conceito passou a ser usado para identificar políticas de diversidade, equidade e inclusão, mas também recebeu críticas de setores que consideram tais iniciativas excessivas ou ideologizadas.
Como a Vale escolhe seus vice-presidentes
Na estrutura da Vale, os cargos de vice-presidência executiva podem ser de duas naturezas: estatutários e não estatutários. Os primeiros, ligados diretamente ao Conselho de Administração, precisam ser comunicados à CVM em caso de alteração. Já os segundos, de caráter executivo, são escolhidos diretamente pelo CEO da companhia, que avalia experiência, histórico profissional e alinhamento às estratégias corporativas.
A área de Recursos Humanos, por exemplo, se enquadra nessa segunda categoria. Assim, a nomeação e a saída de executivos como Catia Porto ficam restritas a decisões internas, sem obrigatoriedade de registro público.