Engenheiro Civil, Mestre em Geociências pelo Departamento de Geologia da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) e idealizador da Mina Du Veloso, Eduardo Evangelista Ferreira, o Du Evangelista (PSOL), é pré-canditado à Prefeitura de Ouro Preto nas eleições 2024, e conversou com exclusividade ao Portal Mais Minas (MM) sobre suas pretensões e objetivos à frente da cidade histórica.
Du tem como principal tema de campanha o lema #MudaOuroPreto, slogan que remete diretamente a uma crítica política contra o histórico revezamento do poder na cidade e que, segundo o psolista, atrapalha o crescimento estrutural e social do município:
” Ouro preto é uma cidade muito rica em recursos naturais, em história e, principalmente, na potência de seu povo. As duas primeiras questões sempre estiveram na mão do mesmo grupo econômico e político, fazendo com que nossos bens naturais e patrimoniais sejam explorados ao máximo, sem deixar benefícios efetivos para o município.
Com isso, a população sempre é relegada ao quinto plano, sendo sujeita a más condições de vida, como atendimento precário à saúde, falta de investimentos adequados para a educação, execução de obras malfeitas, negligências dos riscos das encostas e diversos outros problemas que são tão antigos, quanto a mentalidade dos políticos que se perpetuam no poder”.
Du Evangelista
Como resolver alguns problemas estruturais da cidade?
Como engenheiro e Mestre em Geociências, o trabalho de Du sempre esteve voltado à questão estrutural da cidade. De acordo com levantamento do Serviço Geológico do Brasil (SGB), Ouro Preto tem um dos maiores números de áreas de risco do país. Segundo dados do estudo, são 313 locais em áreas de risco, onde 97% deles estão no patamar de alto risco geológico e 2,8% muito alto. Dos 313, um total de 245 corre risco de deslizamento de terra, 23 de queda, 15 de enxurrada, 11 de erosão e 4 de rastejo.
O pré-candidato defende que é fundamental que o planejamento municipal passe por revisões esporádicas do Plano Diretor, sinalizando as necessidades estruturais de investimento e os caminhos para o desenvolvimento na questão.
” No ano passado, uma fundação foi contratada para fazer essa revisão, mas está fazendo a alteração sem dialogar adequadamente com a população, já que quase não houve mobilização para a participação. O cronograma não foi respeitado, não teve transparência no processo e não apresentou previsão orçamentária, o que sinaliza uma ineficiência diante do alto volume de recursos e pouco resultado.
Isso é importante para explicar o problema das encostas, já que o Plano Diretor precisa apresentar o Plano de Gestão de Riscos. Temos mapeados todos os pontos de maior suscetibilidade de deslizamentos e outros problemas, mas as gestões municipais não enfrentam essa questão com a devida seriedade.
Além de negligenciar os problemas, quando fazem alguma coisa, os gestores fazem intervenções paliativas e de má qualidade, o que só aumenta o problema! Precisamos apresentar soluções permanentes para a segurança dessa população e garantir que essas obras sejam realizadas com boa qualidade. Isso parte de estudar bem as condições do solo e as soluções apesentadas, saneando definitivamente os riscos”.
Du Evangelista
O mapeamento realizado pelo SGB é essencial na tomada das decisões relacionadas às políticas públicas de prevenção aos desastres, auxiliando na definição e disponibilização de critérios para a arrecadação de recursos para o financiamento de obras de contenção de eventuais danos estruturais em áreas de risco.
Saneouro
Outro ponto muito debatido entre a população de Ouro Preto está relacionado com os problemas de abastecimento e tratamento de água por parte da Saneouro, além das taxa abusivas praticadas junto aos seus consumidores. O ano de 2023 foi marcado por muitos protestos oriundos da Federação das Associações de Moradores de Ouro Preto (FAMOP) contra a empresa, alegando o valor impraticável das contas de água, bem como a queda na qualidade nos serviços prestados, além de um fornecimento de subsídio do município à concessionária, que não deixa de ser um dinheiro pago pelo bolso do cidadão ouro-pretano, ainda que indiretamente.
Para Du, essa questão é de fundamental importância e precisa ser solucionado o quanto antes, já que uma cidade com os recursos hídricos disponível, como Ouro Preto, não pode sofrer com problemas relacionados com o abastecimento e altas taxas:
“O abastecimento de água e tratamento de esgoto é um desses problemas que foram criados ao longo dos anos e das gestões municipais, com o sucateamento do sistema de abastecimento.
Ouro Preto é rica em mananciais, sendo uma das nascentes de grandes rios que cortam o país. Não faz sentido em um lugar que tem tanta disponibilidade de água a população pagar uma das maiores taxas de abastecimento do Brasil.
O primeiro passo para resolver esse problema é mostrar que a Saneouro não está cumprindo com as metas estabelecidas, sendo passível romper o contrato assinado. Dessa forma, podemos dar início a uma nova organização da gestão municipal nesse sistema, prestigiando a qualidade dos serviços e atendendo às demandas específicas de cada localidade”.
Expectativas para as eleições 2024
Com o pleito para as eleições municipais se aproximando, Du Evangelista vem atuando fortemente nas mídias digitais para divulgar sua pré-candidatura e, claro, ressaltar os principais pilares que vão nortear sua gestão, caso eleito.
Na próxima sexta-feira (15), o candidato participa de mais uma agenda do #MudaOuroPreto, com o objetivo de mobilizar e discutir as propostas e candidaturas de federação PSOL e Rede Sustentabilidade.
“Nossos principais pontos estão em buscar uma maior justiça social para nosso povo, com qualidade de vida, melhoria do sistema de educação, otimização do transporte, exploração consciente de nossos recursos naturais, valorização da diversidade de nossa cultura, incentivo aos pequenos e médio produtores e empresários e ampliação da atividade turística, reconhecendo a potência de outros atrativos nos bairros e distritos ouro-pretanos.
As políticas públicas precisam estar atentas a resguardar os direitos da população e isso não pode estar associado com a perseguição e sim com o incentivo ao diálogo entre as diversas partes envolvidas.
Para isso, estamos mobilizando moradores, empresários, agentes sociais e interessado na atuação política, em todas as localidades de Ouro Preto, para entender as reais demandas e apresentar soluções que causem, gradativamente, resultados de desenvolvimento social, com responsabilidade.
Mudar os caminhos de Ouro Preto só é possível para quem conhece nossa realidade, para quem conhece nosso povo, para quem conhece o nosso jeito. Mudar não é perder nossa essência e sim valorizar e aproveitar tudo o que temos como recurso para a solução do problemas e desenvolvimento para todos”.
