sexta-feira, 21 novembro 2025
CapaMariana (MG)Duas emblemáticas igrejas barrocas de Minas Gerais serão restauradas

Duas emblemáticas igrejas barrocas de Minas Gerais serão restauradas

Duas das mais emblemáticas igrejas coloniais de Minas Gerais terão suas estruturas e obras de arte integralmente restauradas. A Igreja Matriz de Nossa Senhora de Nazaré e a Igreja de Nossa Senhora do Rosário, ambas localizadas no distrito de Santa Rita Durão, em Mariana, serão recuperadas por meio de um acordo firmado entre a Arquidiocese de Mariana, o Ministério Público de Minas Gerais (MP-MG) e a mineradora Samarco, assinado em 22 de setembro.

O termo prevê que a empresa arque com todos os custos dos projetos e das obras, com valores que podem chegar a R$ 1,2 milhão para elaboração técnica e até R$ 30 milhões para execução da restauração. O repasse será realizado por meio da Plataforma Semente do MP-MG, de acordo com as planilhas orçamentárias que detalham o custo exato das intervenções.

Segundo a Arquidiocese, a expectativa é iniciar em breve a contratação dos projetos arquitetônicos, estruturais e artísticos necessários à restauração completa dos templos. O anúncio foi recebido com entusiasmo pela comunidade local, que há anos aguardava a revitalização dos espaços.

“Com grande alegria acolhemos a notícia da destinação de recursos financeiros para a restauração das igrejas. É um momento importante e histórico para a comunidade paroquial, que esperava especialmente pela recuperação da Igreja do Rosário”, afirmou o pe. Jorge Henrique Abreu Tanus, administrador paroquial da Nossa Senhora de Nazaré.

Patrimônio do barroco mineiro

A Igreja Matriz de Nossa Senhora de Nazaré é considerada um dos exemplos mais expressivos do barroco mineiro. Sua construção original data de 1729, mas foi reconstruída na segunda metade do século XVIII, quando recebeu novas talhas e pinturas de artistas consagrados, entre eles Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, e o pintor João Batista de Figueiredo.

O forro da nave e da sacristia traz o painel central “Milagre de Nazaré”, em perspectiva ilusionista, além de representações de santos e doutores da Igreja. Já o retábulo-mor, finalizado em 1794, é atribuído a Antônio Tavares, no estilo Dom João V, com ornamentações douradas e entalhes minuciosos que marcam o período de transição entre o barroco e o rococó.

Além de seu valor estético, a matriz guarda um importante testemunho histórico da religiosidade e do trabalho artístico desenvolvido em Mariana no século XVIII — um patrimônio que agora será protegido contra o desgaste do tempo.

Legado e devoção em Santa Rita Durão

A poucos metros da matriz, a Igreja de Nossa Senhora do Rosário também será contemplada pelo projeto. De arquitetura singela, construída em adobe, madeira e pau-a-pique, o templo é um símbolo da fé e da resistência da antiga irmandade de pretos do distrito.

Documentos do século XVIII já mencionavam suas festividades em homenagem à padroeira, incluindo reisados, congados e procissões. O templo foi tombado pelo Iphan em 1945, reconhecido por seu valor histórico e artístico.

No interior, destaca-se o altar de Santa Efigênia, atribuído ao jovem Aleijadinho, ainda em fase inicial de carreira, mas já revelando a força expressiva que marcaria sua obra. As pinturas e madeiras entalhadas, em tons de azul e dourado, completam o conjunto em perfeita harmonia rococó.

A restauração dessas duas igrejas simboliza mais do que a preservação de monumentos: é a reconstrução de parte da memória espiritual e artística de Minas Gerais. Para os moradores, representa o renascimento de espaços que há séculos abrigam orações, festas e tradições — e que agora voltarão a brilhar em sua forma original.

Fonte: Arquidiocese de Mariana-MG

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