Em votação popular pela revista CARAS em 2008, Ouro Preto foi eleita uma das sete maravilhas do Brasil

Rodolpho Bohrer
Em votação popular pela revista CARAS em 2008, Ouro Preto foi eleita uma das sete maravilhas do Brasil
Lista das Sete Maravilhas do Brasil Caras coloca Ouro Preto entre os grandes patrimônios nacionais

Antes de tudo, quando pensamos em “maravilhas do mundo”, quase sempre lembramos de listas internacionais. Porém, em 2008, a revista CARAS, em parceria com o HSBC, lançou uma proposta diferente: pedir aos brasileiros que escolhessem as Sete Maravilhas do Brasil entre 30 monumentos e espaços históricos.

A votação foi popular, ampla e simbólica. Mais do que eleger lugares bonitos, o concurso revelou quais espaços representam memória, cultura, identidade e sentimento de pertencimento.

E, nesse cenário, Ouro Preto apareceu com força. Não apenas como destino turístico, mas como um capítulo vivo da história nacional.

A seguir, explicamos cada uma das sete maravilhas, com atenção especial ao papel de Ouro Preto na formação do Brasil.

- PUBLICIDADE -
Ad image

Ouro Preto

O Centro Histórico de Ouro Preto, em Minas Gerais, é uma das joias mais reconhecidas do país. Antiga Vila Rica, a cidade foi protagonista do ciclo do ouro, palco de disputas políticas, econômicas e religiosas, e cenário de um dos movimentos mais marcantes do período colonial: a Inconfidência Mineira.

Caminhar por suas ladeiras é, ao mesmo tempo, passeio e leitura histórica. Igrejas barrocas, casarões, chafarizes, pontes e praças guardam camadas do passado que ainda ajudam a explicar o presente.

Não à toa, Ouro Preto foi a primeira cidade brasileira declarada Patrimônio Mundial pela UNESCO, em 1980. A preservação urbana e arquitetônica, associada ao valor artístico de mestres como Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, faz do município um laboratório de memória — aberto a moradores, pesquisadores e visitantes.

Além do turismo, Ouro Preto ajuda a fortalecer debates sobre preservação, uso responsável do patrimônio e educação patrimonial, tornando-se referência nacional e internacional.

Por tudo isso, sua presença entre as Sete Maravilhas eleitas no concurso CARAS não surpreende. Pelo contrário: reafirma o lugar da cidade como símbolo da história do Brasil.

Teatro Amazonas

Localizado em Manaus, o Teatro Amazonas foi erguido no auge do ciclo da borracha. Inspirado em modelos europeus e marcado pelo luxo nos detalhes, o edifício mostra como a região buscava se conectar com o mundo e afirmar sua força econômica.

Hoje, o teatro é espaço de espetáculos, festivais e projetos educativos, unindo passado e presente por meio da cultura.

Fortaleza dos Reis Magos

Em Natal, no Rio Grande do Norte, a Fortaleza dos Reis Magos remonta ao século XVI. Em formato de estrela, foi construída para proteção do território e controle estratégico do litoral.

Além do valor militar, o espaço conta parte fundamental da ocupação portuguesa e das disputas territoriais na costa brasileira.

Ver-o-Peso

Em Belém, o Complexo Ver-o-Peso vai além de um mercado. Ele concentra relações comerciais, tradições culinárias, ervas medicinais, cheiros, cores e histórias.

É um espaço que sintetiza cultura popular, economia e modos de vida que conectam o interior amazônico às cidades.

Natividade

No Tocantins, o conjunto arquitetônico de Natividade preserva casas, igrejas e ruínas coloniais que revelam a dinâmica das antigas vilas mineradoras. A presença de manifestações religiosas e culturais reforça o vínculo entre fé e comunidade.

Catedral da Sé

A Catedral da Sé, no centro de São Paulo, representa não apenas a fé católica, mas também o crescimento urbano e político da maior metrópole brasileira.

Com forte influência neogótica, ocupa papel central na paisagem e na vida cotidiana da cidade.

Fortaleza de São José de Macapá

Em Macapá, a Fortaleza de São José de Macapá foi construída como parte da estratégia portuguesa de controle da foz do Rio Amazonas.

Sua estrutura monumental ajuda a compreender disputas coloniais e a importância geopolítica da região.

Por que essa lista importa

A lista das Sete Maravilhas do Brasil do concurso CARAS não é oficial e não tem chancela da UNESCO. Ainda assim, ela revela algo essencial: como os brasileiros enxergam sua própria história.

Enquanto muitas cidades cresceram mirando o futuro, Ouro Preto manteve viva sua memória, preservou sua arquitetura, organizou museus, fortaleceu políticas de patrimônio e se consolidou como destino educacional e turístico.

Assim como outras maravilhas eleitas, a cidade mostra que cultura não é apenas passado. É também economia, identidade e possibilidade de construção coletiva.

Para quem visita, pesquisa ou apenas se interessa pela história nacional, conhecer as Sete Maravilhas do concurso Caras é um convite: olhar para o Brasil com mais cuidado, começando — inevitavelmente — por Ouro Preto.

TAGGED:
Compartilhar essa notícia
SEGUIR:
Sócio-proprietário e fundador do Mais Minas e jornalista em formação pela Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB). Redator de cidades, tecnologia e política, além de link builder na Agência MaisPost e assistente de edição de texto da Agência de Notícias do Sul da Bahia (Ansuba).