Antes de tudo, quando pensamos em “maravilhas do mundo”, quase sempre lembramos de listas internacionais. Porém, em 2008, a revista CARAS, em parceria com o HSBC, lançou uma proposta diferente: pedir aos brasileiros que escolhessem as Sete Maravilhas do Brasil entre 30 monumentos e espaços históricos.
A votação foi popular, ampla e simbólica. Mais do que eleger lugares bonitos, o concurso revelou quais espaços representam memória, cultura, identidade e sentimento de pertencimento.
E, nesse cenário, Ouro Preto apareceu com força. Não apenas como destino turístico, mas como um capítulo vivo da história nacional.
A seguir, explicamos cada uma das sete maravilhas, com atenção especial ao papel de Ouro Preto na formação do Brasil.
Ouro Preto
O Centro Histórico de Ouro Preto, em Minas Gerais, é uma das joias mais reconhecidas do país. Antiga Vila Rica, a cidade foi protagonista do ciclo do ouro, palco de disputas políticas, econômicas e religiosas, e cenário de um dos movimentos mais marcantes do período colonial: a Inconfidência Mineira.
Caminhar por suas ladeiras é, ao mesmo tempo, passeio e leitura histórica. Igrejas barrocas, casarões, chafarizes, pontes e praças guardam camadas do passado que ainda ajudam a explicar o presente.
Não à toa, Ouro Preto foi a primeira cidade brasileira declarada Patrimônio Mundial pela UNESCO, em 1980. A preservação urbana e arquitetônica, associada ao valor artístico de mestres como Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, faz do município um laboratório de memória — aberto a moradores, pesquisadores e visitantes.
Além do turismo, Ouro Preto ajuda a fortalecer debates sobre preservação, uso responsável do patrimônio e educação patrimonial, tornando-se referência nacional e internacional.
Por tudo isso, sua presença entre as Sete Maravilhas eleitas no concurso CARAS não surpreende. Pelo contrário: reafirma o lugar da cidade como símbolo da história do Brasil.
Teatro Amazonas
Localizado em Manaus, o Teatro Amazonas foi erguido no auge do ciclo da borracha. Inspirado em modelos europeus e marcado pelo luxo nos detalhes, o edifício mostra como a região buscava se conectar com o mundo e afirmar sua força econômica.
Hoje, o teatro é espaço de espetáculos, festivais e projetos educativos, unindo passado e presente por meio da cultura.
Fortaleza dos Reis Magos
Em Natal, no Rio Grande do Norte, a Fortaleza dos Reis Magos remonta ao século XVI. Em formato de estrela, foi construída para proteção do território e controle estratégico do litoral.
Além do valor militar, o espaço conta parte fundamental da ocupação portuguesa e das disputas territoriais na costa brasileira.
Ver-o-Peso
Em Belém, o Complexo Ver-o-Peso vai além de um mercado. Ele concentra relações comerciais, tradições culinárias, ervas medicinais, cheiros, cores e histórias.
É um espaço que sintetiza cultura popular, economia e modos de vida que conectam o interior amazônico às cidades.
Natividade
No Tocantins, o conjunto arquitetônico de Natividade preserva casas, igrejas e ruínas coloniais que revelam a dinâmica das antigas vilas mineradoras. A presença de manifestações religiosas e culturais reforça o vínculo entre fé e comunidade.
Catedral da Sé
A Catedral da Sé, no centro de São Paulo, representa não apenas a fé católica, mas também o crescimento urbano e político da maior metrópole brasileira.
Com forte influência neogótica, ocupa papel central na paisagem e na vida cotidiana da cidade.
Fortaleza de São José de Macapá
Em Macapá, a Fortaleza de São José de Macapá foi construída como parte da estratégia portuguesa de controle da foz do Rio Amazonas.
Sua estrutura monumental ajuda a compreender disputas coloniais e a importância geopolítica da região.
Por que essa lista importa
A lista das Sete Maravilhas do Brasil do concurso CARAS não é oficial e não tem chancela da UNESCO. Ainda assim, ela revela algo essencial: como os brasileiros enxergam sua própria história.
Enquanto muitas cidades cresceram mirando o futuro, Ouro Preto manteve viva sua memória, preservou sua arquitetura, organizou museus, fortaleceu políticas de patrimônio e se consolidou como destino educacional e turístico.
Assim como outras maravilhas eleitas, a cidade mostra que cultura não é apenas passado. É também economia, identidade e possibilidade de construção coletiva.
Para quem visita, pesquisa ou apenas se interessa pela história nacional, conhecer as Sete Maravilhas do concurso Caras é um convite: olhar para o Brasil com mais cuidado, começando — inevitavelmente — por Ouro Preto.



