A reportagem exibida pelo programa Fantástico, no último domingo (21), detalhou um esquema de mineração ilegal em Minas Gerais com envolvimento de servidores públicos e empresários. Durante a investigação, a Polícia Federal encontrou documentos e mensagens que revelavam a forma de atuação do grupo criminoso.
Contudo, um ponto da matéria gerou interpretações equivocadas: a lista apresentada na TV não é composta por pessoas diretamente envolvidas no esquema, mas sim por alvos que os criminosos pretendiam cooptar. O material apreendido mostra que políticos, servidores e especialistas em mineração estavam sob monitoramento do grupo porque, para expandir os negócios ilegais, os operadores buscavam influenciar ou corromper autoridades estratégicas.
Manipulação política da lista
Após a divulgação, nomes citados no material passaram a circular em redes sociais e em discursos políticos como se fossem de investigados ou cúmplices. Essa interpretação, porém, não corresponde à realidade. O que a Polícia Federal destacou é que essas pessoas estavam na mira dos criminosos, e não entre os integrantes da organização.
A reportagem mostrou que o esquema funcionava a partir da corrupção de agentes públicos em troca de licenças ambientais irregulares. Com isso, a extração ilegal de minério acontecia em áreas protegidas, gerando prejuízos ambientais e sociais para comunidades locais, como a de Botafogo, em Ouro Preto, onde famílias relatam a redução da oferta de água e a destruição de cavernas históricas.
Estrutura do esquema
De acordo com a PF, a quadrilha era comandada por Alain Cavalcante do Nascimento, Élder Adriano de Freitas e João Alberto Paixão Lages, ex-deputado estadual. Eles obtinham vantagens financeiras por meio da compra de licenças, contratos irregulares e influência sobre órgãos públicos. Parte do dinheiro era usada em bens de luxo, como imóveis, carros importados e vinhos avaliados em até R$ 25 mil.
As investigações apontam que servidores públicos, incluindo nomes ligados à Agência Nacional de Mineração e à Fundação Estadual de Meio Ambiente (FEAM), também foram presos por facilitar operações ilegais. O grupo chegou a movimentar bilhões de reais com a exploração irregular, segundo a Polícia Federal.