O antigo Colégio do Caraça, localizado entre Catas Altas e Santa Bárbara (MG), teve papel decisivo na formação de duas figuras centrais da Primeira República: Afonso Pena e Artur Bernardes. A informação é confirmada pelos registros preservados pelo Santuário do Caraça, pelo portal Descubra Minas (Senac Minas) e pelos verbetes biográficos de ambos na Wikipédia.
Fundado em 1820 pelos padres lazaristas, o colégio se tornou um dos internatos mais prestigiados do país no século XIX. Os estudantes permaneciam em regime integral por até sete anos, dedicados aos estudos e às atividades do cotidiano da instituição.
O currículo incluía disciplinas científicas e humanísticas, além do ensino de Latim, Grego, Francês e Inglês. A rotina também envolvia cultivo, cuidados com animais e tarefas comunitárias, parte da metodologia do internato.
Essa formação marcou a trajetória de Afonso Pena, que estudou no Caraça na década de 1850. Depois cursou Direito em São Paulo, tornou-se governador de Minas Gerais e sancionou a lei que transferiu a capital para Belo Horizonte. Em 1906, assumiu a Presidência da República.
Artur Bernardes ingressou no colégio aos 12 anos, mas permaneceu por pouco tempo por causa das dificuldades financeiras da família. Concluiu os estudos em Ouro Preto, formou-se em Direito e seguiu carreira política, governando Minas Gerais e assumindo a Presidência em 1922, durante um período de forte instabilidade nacional.
Um colégio que moldou lideranças e hoje preserva sua história

Ao longo de quase 150 anos, o Colégio do Caraça recebeu mais de 10 mil alunos, muitos deles futuros governadores, parlamentares e autoridades religiosas. Em Belo Horizonte, avenidas como Augusto de Lima e Olegário Maciel homenageiam ex-estudantes da instituição.
As atividades escolares terminaram em 1968, após um incêndio destruir a ala dos dormitórios e parte da biblioteca. O prédio, porém, foi preservado e transformado em um museu que integra o Complexo do Caraça, ao lado do Santuário, das áreas de hospedagem, da biblioteca histórica, dos jardins e das trilhas ambientais.
Hoje, o local recebe visitantes do Brasil e do exterior. O prédio principal mantém corredor de pedra, salas adaptadas para exposições e partes originais do antigo internato. A igreja neogótica e o conjunto arquitetônico completam o cenário que combina patrimônio histórico, religioso e natural.
O complexo promove atividades culturais, visitas guiadas e ações de preservação da memória do antigo colégio. Assim, mantém viva a história da instituição que marcou a educação e a política mineira.
Legado
A trajetória de Afonso Pena e Artur Bernardes demonstra como o Colégio do Caraça influenciou a formação política do país. Com ensino rígido, formação humanista e vida comunitária intensa, o internato moldou lideranças que marcaram o Brasil republicano. Hoje, o museu e o Santuário preservam esse legado dentro do Complexo do Caraça.
LINHA DO TEMPO DO CARAÇA
1820 — Fundação do Colégio do Caraça pelos padres lazaristas.
1850–1860 — Período em que Afonso Pena estudou no internato.
1887 — Ingresso de Artur Bernardes, então com 12 anos.
1881 — Visita do imperador Dom Pedro II às instalações.
1900–1950 — Auge do colégio como formador de líderes políticos e religiosos.
1968 — Incêndio destrói dormitórios e parte da biblioteca; atividades escolares são encerradas.
1970–Presente — Prédio se transforma em museu e integra o Complexo do Caraça, ao lado do santuário e áreas naturais de visitação.












