O Cruzeiro deveria vender seus jovens jogadores?

Maicon Costa
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Uma notícia tomou conta dos noticiários do Cruzeiro ontem (5): o encaminhamento da venda do zagueiro Edu ao Athletico Paranaense, por R$ 3 milhões. O time celeste detinha 85% do jovem de 19 anos que também pode jogar de volante, e negociará 70% dos direitos, ficando com 15% para receber numa futura venda.

A venda foi recebida pelos torcedores de formas distintas. Uma parte entendeu que o momento do clube necessita desse tipo de negociação, visto que os R$ 3 milhões quitariam um mês de salários no Cruzeiro. Já outros torcedores criticaram a venda de um dos mais promissores atletas da equipe por um valor baixo.

O primeiro alvo do clube paranaense havia sido o zagueiro Cacá, também jovem e com maior experiência de jogo que Edu. Em janeiro, o Athletico havia feito proposta de R$ 9 milhões para adquirir o atleta, valor considerado baixo pelo conselho gestor.

Apesar da recusa, o Cruzeiro já deixou claro que não segurará algumas de suas joias, como o próprio Cacá e o meia Maurício caso cheguem propostas que satisfaçam o clube.

O Cruzeiro deveria vender seus jovens jogadores?
Edu segue treinando normalmente no clube – Crédito da foto: Bruno Haddad/Cruzeiro

Vender jovens é o melhor caminho?

Quem, unicamente, pode responder essa pergunta é o tempo. Afinal, num time com situação financeira e técnica como a do Cruzeiro, está acaba sendo uma das únicas formas de se fazer dinheiro. O time é formado atualmente por medalhões sem valor de mercado, jogadores emprestados e jovens da base.

O que torna as negociações não tão boas assim para o Cruzeiro é a falta de valorização dos atletas, visto que o clube não tem condições de “barganhar” no mercado e os rivais se aproveitam dessa fragilidade. O valor recebido por Edu é baixo e o jogador nem terá tempo de se valorizar pelo elenco profissional celeste, muitas vezes por ser preterido por medalhões, como os contratados Ramon e Marllon, titulares já na primeira oportunidade que ficaram disponíveis.

E só o tempo ponde responder se as decisões de venda foram acertadas ou não porque caso Edu estoure e se valorize jogando pelo Athletico, como foi o caso do zagueiro Robson Bambu, que chegou do Santos sem custos e foi vendido recentemente por R$ 40 milhões, o Cruzeiro terá sofrido uma grande perda potencial. Caso o atleta não vingue, não haverá o que lamentar.

Na situação de Edu, o Cruzeiro agiu bem em manter um percentual de seu passe, mesmo que pequeno. Os 15% garantirão, por exemplo, que se o atleta for vendido futuramente por 10 milhões de euros, o Cruzeiro embolse 1,5 milhão. É uma forma de ainda ter retorno com o jogador, apesar da venda atual ter sido baixa. E de se esperar que essa seja a postura do clube caso negocie seus jovens.

Jovens x Experientes

Além das vendas por si só, outro fator que incomoda o Cruzeirense é o clube estar negociando seus jovens, mas mantendo atletas de baixo nível no elenco, como é o caso do atacante Roberson e do lateral-esquerdo João Lucas. Apesar de inexperientes, ainda existia a chance dos jogadores da base, que vêm perdendo espaço para esses nomes, renderem algo ao time.

Mas num time com a situação financeira do Cruzeiro, é difícil especular. Quem sabe o que Edu renderia com mais dez ou quinze jogos no profissional? Mas quando o clube luta diariamente contra sua própria situação financeira não sobra espaço para apostas.

A Edu toda sorte do mundo. O torcedor celeste não gosta de ver um jovem promissor deixar o clube, mas o jeito é torcer pro seu sucesso e que os 15% restantes gerem frutos.

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Maic Costa nasceu em Ipatinga, mas se radicou na Região dos Inconfidentes mineiros. Formado em Jornalismo na UFOP, em 2019, passou por Estado de Minas, Superesportes, Esporte News Mundo, Food Service News e Mais Minas. Atualmente, é setorista do Cruzeiro na Trivela.