A redação do Enem é, desde sua criação em 1998, o momento mais temido e aguardado pelos candidatos. O tema costuma revelar, a cada edição, um retrato do Brasil contemporâneo. Direitos humanos, desigualdade social, meio ambiente, cidadania e tecnologia são assuntos que, segundo as estatísticas do próprio exame, aparecem com maior frequência.
De acordo com levantamento feito a partir dos temas oficiais divulgados pelo Inep entre 2010 e 2024, cerca de 73% das propostas de redação abordaram problemas sociais internos, como exclusão, invisibilidade e desigualdade. Outros 18% trataram de questões culturais ou éticas, e apenas 9% tiveram foco ambiental ou tecnológico. A análise mostra que o Enem tende a escolher assuntos de relevância pública e atual, com ênfase na formação cidadã e no impacto coletivo das ações humanas.
Com base nesses dados, além de padrões linguísticos e temáticos recorrentes, pedi para que o ChatGPT elaborasse uma lista com dez possíveis temas para a redação do Enem 2025, incluindo variações, repertórios e justificativas.
1. Desinformação e fake news
As notícias falsas se tornaram um dos maiores desafios da era digital, afetando eleições, campanhas de vacinação e a própria democracia. Segundo o Instituto Reuters, o Brasil está entre os países que mais compartilham conteúdo desinformativo. Um possível recorte seria “Os impactos da desinformação na sociedade brasileira”.
Repertório sugerido: filósofa Hannah Arendt e o conceito de banalidade do mal; Lei nº 14.197/2021, que combate crimes contra o Estado Democrático de Direito; e campanhas do TSE sobre educação midiática.
2. Saúde mental e bem-estar emocional
O Brasil é o país com maior índice de ansiedade do mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde. Desde a pandemia, o tema ganhou força nos debates públicos, principalmente entre adolescentes. O Enem pode propor algo como “Desafios para a promoção da saúde mental entre os jovens brasileiros”.
Repertório: Byung-Chul Han e o livro “A Sociedade do Cansaço”; Rede de Atenção Psicossocial do SUS; e a campanha “Setembro Amarelo”.
3. Inclusão digital e desigualdade tecnológica
Apesar dos avanços da conectividade, 20% das famílias brasileiras ainda não têm acesso à internet, segundo a pesquisa TIC Domicílios 2023. A exclusão digital impede o pleno exercício da cidadania e o acesso à educação.
Repertório: Paulo Freire e a pedagogia libertadora; Marco Civil da Internet (Lei nº 12.965/2014); e políticas de conectividade rural.
4. Sustentabilidade e mudanças climáticas
Eventos extremos, como secas e enchentes, tornaram-se mais frequentes, pressionando governos e cidadãos a repensarem seus hábitos. O Enem pode explorar o tema sob a ótica da responsabilidade coletiva.
Repertório: Acordo de Paris, relatórios do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) e o artigo 225 da Constituição Federal.
5. Inteligência artificial e ética digital
Com a popularização de ferramentas como ChatGPT, Midjourney e Gemini, surgem dilemas éticos sobre autoria, privacidade e desinformação. O tema seria inédito e altamente atual.
Repertório: Isaac Asimov e suas “Três Leis da Robótica”; filósofo Luciano Floridi, especialista em ética da informação; e o debate sobre regulação da IA no Senado Federal.
6. Violência contra mulheres e igualdade de gênero
Mesmo após o tema de 2023 abordar o trabalho feminino, a questão da violência de gênero permanece urgente. Dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública mostram que uma mulher é vítima de feminicídio a cada seis horas no país.
Repertório: Lei Maria da Penha (11.340/2006); ONU Mulheres; e campanhas de prevenção como o “Sinal Vermelho contra a Violência Doméstica”.
7. Envelhecimento populacional e políticas públicas
O Brasil caminha para se tornar um país predominantemente idoso até 2050, segundo o IBGE. O tema pode propor uma reflexão sobre como garantir dignidade a essa faixa etária.
Repertório: Estatuto do Idoso (Lei nº 10.741/2003); Agenda 2030 da ONU; e programas como o “EnvelheSer” do Ministério da Saúde.
8. Racismo estrutural e representatividade
Após a prova de 2024 valorizar a herança africana, o Enem pode retomar o debate sob uma perspectiva mais institucional, abordando o racismo como sistema.
Repertório: “Racismo Estrutural”, de Silvio Almeida; Constituição Federal (artigo 5º, XLII); e o movimento internacional “Black Lives Matter”.
9. Educação sexual e prevenção de violências
A crescente preocupação com casos de abuso e bullying em escolas reacende o debate sobre educação sexual e proteção infantojuvenil.
Repertório: Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA); Programa Saúde na Escola (PSE); e dados do Disque 100.
10. Inteligência emocional e convivência nas redes sociais
A hiperexposição nas redes e a cultura do cancelamento tornam urgente o debate sobre empatia e autocontrole emocional.
Repertório: Pierre Lévy e o conceito de “Homo Digitalis”; pesquisas do Datafolha sobre comportamento on-line; e campanhas da SaferNet Brasil.
Ao analisar os últimos 15 temas de redação, observa-se uma tendência clara: o Enem privilegia questões sociais, éticas e tecnológicas, sempre com enfoque humanista. Desde 2010, 11 provas abordaram problemas ligados à inclusão e aos direitos humanos, reforçando que a abordagem crítica e cidadã é o eixo central do exame.
Assim, as apostas do ChatGPT para 2025 refletem essa mesma lógica: temas ligados à tecnologia, saúde mental, desigualdade e ética pública têm as maiores probabilidades de serem escolhidos pelo Inep, segundo os padrões históricos e os debates contemporâneos do país.












