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Sete em cada dez estudantes brasileiros do ensino médio que acessam a internet utilizam ferramentas de inteligência artificial (IA) generativa, como o ChatGPT e o Gemini, em pesquisas escolares. Apesar disso, apenas 32% afirmaram ter recebido orientação das escolas sobre o uso seguro e responsável dessas tecnologias.

Os dados integram a 15ª edição da pesquisa TIC Educação, divulgada na segunda-feira (16 de setembro) pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br), ligado ao Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br).
Segundo o levantamento, 37% dos alunos do ensino fundamental e médio já utilizam IA para buscar informações. Entre os anos finais do fundamental, a taxa sobe para 39% e, no ensino médio, atinge 70%.
“A pesquisa evidencia novas práticas de aprendizagem adotadas pelos adolescentes”, afirmou Daniela Costa, coordenadora do estudo. Ela destacou que os recursos exigem novas formas de lidar com a linguagem, selecionar conteúdos e avaliar a informação.
As escolas, de acordo com Daniela, já iniciam debates com pais e responsáveis sobre o uso da IA generativa por estudantes. Regras sobre a utilização dessas ferramentas têm aparecido em reuniões de gestores, professores e famílias. No total, 40% dos gestores escolares já citaram o tema nessas discussões.
Celulares e conectividade
A pesquisa também analisou o uso de celulares nas instituições. Em 2023, 28% das escolas proibiam o aparelho. Em 2024, esse índice subiu para 39%, enquanto o uso restrito a determinados espaços ou horários caiu de 64% para 56%.
O estudo aponta ainda que 96% das escolas brasileiras têm acesso à internet, avanço puxado por instituições municipais e rurais. Mesmo assim, as desigualdades permanecem: enquanto 67% dos alunos da rede estadual usam a rede para atividades escolares, na rede municipal o percentual é de 27%.
Formação docente
Outro dado mostra a queda na formação de professores em tecnologias digitais. Em 2021, 65% participaram de cursos na área; em 2024, o índice caiu para 54%, chegando a 43% entre docentes da rede municipal.
Para a coordenadora, essa redução impacta a capacidade das escolas em orientar os estudantes no uso crítico e criativo das ferramentas digitais. Entre os professores que fizeram cursos, 67% disseram que a formação ajudou a guiar melhor os alunos.
A coleta de dados ocorreu entre agosto de 2023 e março de 2024, em 1.023 escolas públicas e privadas, rurais e urbanas. Foram ouvidos 945 gestores, 864 coordenadores, 1.462 professores e 7.476 alunos.