Um levantamento do Instituto Aço Brasil indica que a crise na siderurgia nacional pode resultar em até 37 mil demissões diretas e indiretas. O estudo aponta que o setor enfrenta retração devido ao aumento das importações de aço e à perda de competitividade diante de países como China e Rússia, que ampliaram presença no mercado brasileiro.
Segundo a entidade, o volume de importações cresceu de forma acelerada nos últimos anos, reduzindo a participação da indústria nacional. Com a produção em queda, a tendência é de fechamento de postos de trabalho em diversas regiões do país, principalmente em Minas Gerais, São Paulo e Espírito Santo, estados com maior concentração de siderúrgicas.
A projeção leva em consideração os impactos na cadeia produtiva e nas empresas fornecedoras de insumos, transporte e serviços. “O risco de desindustrialização é real e pode comprometer a geração de empregos de qualidade”, destacou o presidente executivo do Instituto Aço Brasil, Marco Polo de Mello Lopes.
O setor defende a adoção de medidas de defesa comercial, como salvaguardas temporárias, para conter a entrada de aço estrangeiro em condições desleais de competitividade. A expectativa é de que o governo federal avalie alternativas que possam equilibrar o mercado e reduzir os riscos de cortes em larga escala.
Gerdau anuncia cortes
O alerta do Instituto Aço Brasil já encontra eco em decisões empresariais recentes. A Gerdau, uma das maiores siderúrgicas do país, anunciou a demissão de cerca de 1,5 mil funcionários entre janeiro e julho, além da suspensão de parte dos investimentos programados para 2025. As dispensas se concentraram em unidades de São Paulo.
Segundo a empresa, o avanço das importações de aço em condições desiguais de competitividade ameaça a continuidade das operações no Brasil, cenário que confirma as projeções de risco para toda a cadeia produtiva.