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Um incêndio de grandes proporções devastou parte da Serra de São José, entre os municípios de Tiradentes e São João del-Rei, na Região Central de Minas Gerais. De acordo com o Instituto Estadual de Florestas (IEF), o fogo destruiu cerca de 430 hectares de vegetação nativa, o equivalente a mais de 400 campos de futebol, representando quase 10% da área total da serra.

A maior parte do território afetado está dentro do Refúgio Estadual de Vidas Silvestres Libélulas da Serra de São José, uma unidade de proteção integral que abriga ecossistemas raros e espécies ameaçadas. O incêndio atingiu campos rupestres, matas ciliares e áreas de galeria que se mantinham preservadas, além de destruir completamente a infraestrutura de trilhas e pontos de visitação utilizados para turismo ecológico e pesquisa científica.

Combate intenso e investigação em curso
O fogo começou no domingo (5/10) e só foi completamente extinto na quarta-feira (8/10), após quatro dias de trabalho ininterrupto de brigadistas, militares do Corpo de Bombeiros e dezenas de voluntários da região. As condições climáticas dificultaram o controle das chamas, com ventos fortes e baixa umidade do ar espalhando o incêndio por áreas de difícil acesso.
As medições da área afetada foram realizadas em campo e complementadas por imagens de satélite e drones. O IEF ainda elabora um relatório técnico para avaliar os impactos ambientais e os planos de recuperação da vegetação. A principal suspeita é de ação humana criminosa, hipótese que está sendo apurada pelas autoridades.
Um patrimônio sob risco
A Serra de São José é considerada um dos mais importantes patrimônios naturais e históricos de Minas Gerais. Além de seu valor ecológico, a serra abriga nascentes que alimentam bacias hidrográficas essenciais e uma biodiversidade única, com espécies endêmicas de fauna e flora.
Para ambientalistas e pesquisadores, o episódio reforça a necessidade de vigilância constante e políticas de prevenção. As queimadas recorrentes na região têm colocado em risco não apenas o ecossistema local, mas também o equilíbrio ambiental de toda a bacia do Rio das Mortes.
Em nota, o IEF lamentou a devastação e destacou que a área afetada levará anos para se regenerar completamente. O órgão também defendeu a intensificação das ações de educação ambiental e monitoramento comunitário, sobretudo durante o período de estiagem, quando aumentam os riscos de incêndios florestais.