As feiras livres incentivadas pela Prefeitura de Ouro Preto se consolidaram como um dos principais canais de acesso da população a alimentos frescos e de qualidade, ao mesmo tempo em que fortalecem a agricultura familiar, estimulam a economia local e criam espaços de convivência comunitária. Atualmente, o município mantém cinco feiras semanais, distribuídas entre bairros, Centro Histórico e distrito.

Ao todo, cerca de 50 comerciantes credenciados pela Secretaria Municipal de Agropecuária participam das feiras, comercializando frutas, legumes, verduras, queijos, biscoitos, doces, refeições prontas e peças de artesanato. A circulação média de público chega a 1,2 mil pessoas por semana, segundo dados do município.

Da produção rural direto ao consumidor

Morador de Santa Rita de Ouro Preto, Emerson Esdras, de 49 anos, é um dos feirantes que encontraram nas feiras livres uma oportunidade de crescimento econômico. Há dois anos, ele começou a expor hortaliças e verduras na Feira da Estação, no bairro Pilar, realizada às sextas-feiras.

“No começo era uma tentativa. Eu produzia, mas não conseguia chegar direto no cliente”, conta. Antes, Emerson vendia para o comércio local, recebendo valores baixos pelos produtos. “Um pé de alface eu passava por R$ 0,80. Hoje vendo a R$ 5”, afirma.

- PUBLICIDADE -

Com o aumento do faturamento, o produtor conseguiu ampliar a área de cultivo. “Já comprei mais um pedaço de terra para aumentar a produção”, relata. Atualmente, além do Pilar, ele também participa da feira da Barra, aos domingos, e da Bauxita, às terças-feiras. “Para mim, a feira é tudo”, resume.

Feira como renda e reencontro com a vida

No distrito de Cachoeira do Campo, a feira de sábado também representa mais do que uma fonte de renda. Maria Raimunda, de 65 anos, trabalha no local preparando refeições e salgados para o público. O sábado, segundo ela, é o dia mais esperado da semana.

“O melhor dia que tem para mim é o sábado. Eu adoro ir para a feira”, diz. No cardápio, não faltam pratos tradicionais. A feijoada e o tropeiro são os mais procurados, mas Raimunda gosta de variar. “Às vezes levo nhoque, outro dia vaca atolada”, conta. Coxinhas, pastéis e sucos naturais também fazem parte da barraca.

Além do aspecto financeiro, a feira teve impacto direto em sua saúde emocional. “A feira me resgatou. Eu estava com depressão. Hoje revejo amigos e vendo minhas refeições”, relata. Toda semana, ela prepara sete quilos de arroz, três quilos de feijão para o tropeiro e dois quilos para a feijoada. “Volto com todas as panelas vazias”, afirma.

Com a renda obtida, Raimunda conseguiu ampliar a cozinha de casa e investir em equipamentos para melhorar a produção.

Estrutura e atrações ajudam a atrair público

Para garantir o funcionamento das feiras, a Prefeitura de Ouro Preto investe em infraestrutura, organização dos espaços e programação cultural, incluindo apresentações artísticas. As ações buscam tornar o ambiente mais atrativo e organizado, fortalecendo o vínculo entre produtores e consumidores.