Ouro Preto é uma aula silenciosa sobre quem somos

Rodolpho Bohrer
Ouro Preto é uma aula silenciosa sobre quem somos
Ouro Preto e o poder da memória que não desaparece

Algumas cidades passam pela nossa vida. Outras permanecem. Ouro Preto faz parte desse segundo grupo.

A chegada é sempre impactante. As ladeiras, os telhados, as igrejas e o desenho irregular do casario parecem conversar com quem observa. Mas basta caminhar um pouco para perceber algo maior. Ouro Preto não se limita à beleza. Ela provoca reflexão, impõe pausa e convida ao cuidado.

Aqui, o tempo não corre. Ele permanece.

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Um lugar que obriga o olhar a pensar

Ao caminhar pela Praça Tiradentes, é impossível não lembrar das tensões que moldaram o país. Ali estão perguntas que continuam atuais.

Quem decide.
Quem trabalha.
Quem conquista.
Quem resiste.

Ouro Preto ensina que liberdade nunca foi simples. Nunca foi entregue de forma espontânea. Foi disputa, sonho e também consequência de escolhas difíceis. Essa consciência transforma visita em experiência.

E experiência em aprendizado.

A força da imperfeição

Ouro Preto não tenta parecer perfeita. As ruas são tortas. Os telhados mostram o tempo. As paredes não escondem a idade.

E nisso existe beleza.

Em um mundo que exige brilho constante, a cidade lembra que marcas também contam história. Nada ali é cenário. Tudo foi vivido, usado, modificado, reconstruído. Cada pedra guarda um trecho de memória coletiva.

A cidade ensina que preservar não é congelar. É cuidar.

Cultura que respira

Ouro Preto é patrimônio, mas também é casa. É universidade, é artes, é tradição, é convivência. Moradores, estudantes, visitantes e trabalhadores dividem o mesmo espaço.

Isso cria desafios. Mas também mantém a cidade pulsando.

A cultura não fica contida em vitrines. Ela circula nas ruas, nos encontros, nas festas e nas conversas. A vida cotidiana sustenta aquilo que os livros registram.

Por que Ouro Preto continua importante

No ritmo acelerado do presente, onde tudo parece descartável, Ouro Preto funciona como alerta. Ela lembra que identidade se constrói com memória, responsabilidade e escuta.

Valorizar Ouro Preto não é olhar apenas para o passado. É compreender o presente com mais profundidade. Só quem entende a própria história consegue planejar o futuro.

Preservar, neste caso, significa proteger sentidos.

Quando vamos embora, ela fica

Quem deixa Ouro Preto nunca sai do mesmo jeito. Um pouco da cidade permanece na memória. E um pouco do visitante fica nas ruas silenciosas.

Ouro Preto não pede espetáculo. Pede atenção. Ela não exige pressa. Exige tempo.

Por tudo isso, continua necessária. Não somente para Minas Gerais. Para o Brasil inteiro.

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Sócio-proprietário e fundador do Mais Minas e jornalista em formação pela Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB). Redator de cidades, tecnologia e política, além de link builder na Agência MaisPost e assistente de edição de texto da Agência de Notícias do Sul da Bahia (Ansuba).