Após seis anos de reestruturação e revisão profunda de suas operações, a Vale se prepara para retomar a liderança mundial na produção de minério de ferro. A expectativa foi confirmada pelo presidente-executivo da companhia, Gustavo Pimenta, durante o Congresso Exposibram, realizado em Belo Horizonte.
O executivo afirmou que a mineradora vive um novo ciclo de crescimento e que está “muito otimista” com as perspectivas do mercado global. “A Vale tem um potencial enorme para desenvolver projetos de baixo custo e com minério de alto teor. O momento é de reconstrução sólida e sustentável”, destacou.
Produção em alta e metas para 2025
A mineradora encerrou 2024 com 328 milhões de toneladas de minério de ferro produzidas, volume próximo à sua capacidade total. Para 2025, o plano de negócios prevê entre 325 milhões e 335 milhões de toneladas, o que pode recolocar a Vale à frente da australiana Rio Tinto, que assumiu a liderança global após o rompimento da barragem em Brumadinho (MG), em 2019.
O desastre provocou uma das maiores tragédias ambientais e humanas da história da mineração e forçou a empresa a revisar protocolos, tecnologias e modelos de operação. “Hoje, a Vale é uma companhia mais segura, mais madura e com uma cultura voltada para a integridade operacional e o respeito às comunidades”, destacou o executivo.
Mercado global e novos desafios
De acordo com Pimenta, a demanda mundial por minério de ferro deve continuar sólida no longo prazo, impulsionada por fatores estruturais como urbanização, crescimento populacional e transição energética.
Ele reconheceu que a entrada da mina de Simandou, na Guiné, adicionará novos volumes ao mercado, mas ponderou que boa parte dessa oferta servirá para substituir minas exauridas.
“Mesmo as plantas de alto teor estão perdendo capacidade e qualidade. A oferta global não cresce na mesma velocidade da demanda”, observou.
Minério de ferro para a transição energética
O avanço da transição energética global também deve transformar o perfil da mineração. Segundo o presidente da Vale, o setor caminha para uma ‘descomoditização’, em que o minério de ferro deixará de ser apenas uma commodity padronizada e passará a ser customizado conforme a necessidade de cada cliente.
“Somos hoje a empresa mais sofisticada do mundo na produção de minério de ferro. Temos 20 pontos de blendagem espalhados pelo planeta e conseguimos oferecer produtos de diferentes teores, conforme a demanda de cada siderurgia”, afirmou.
Nesse cenário, a Vale aposta em complexos industriais voltados à produção de aço com menor emissão de carbono, especialmente em regiões com acesso a gás natural de baixo custo, como o Oriente Médio. “Esses novos polos industriais permitirão produzir aço de forma mais limpa e eficiente, reforçando o papel da Vale na transição energética”, acrescentou.
Mudança cultural e mineração responsável
Durante o evento, Pimenta ressaltou que a companhia passou por uma profunda transformação cultural após os desastres de barragens em Minas Gerais. Hoje, segundo ele, a prioridade da empresa é fazer mineração com responsabilidade e segurança social.
“A mineração é essencial para a vida moderna. Ela melhora a qualidade de vida das pessoas, desde que seja feita de forma responsável. É isso que guia o novo ciclo da Vale”, concluiu.



















